A década de 70 foi decisiva para a BMW. Um novo conselho de administração que trazia novas ideias, dirigido por Eberhard von Kuenheim, deu um grande impulso à marca. A politica implementada nessa altura, com a criação de um departamento desportivo, seguiu até aos dias de hoje e confirmou a BMW com uma marca líder.
A BMW tinha um grande historial nos anos 60. Modelos como o 1800 Ti e 2000 Ti, venceram um grande número de provas e tornaram-se modelos populares. Apesar dos triunfos, a marca tinha um sério problema, pois não conseguia responder à procura que existia para os modelos preparados para competição. A BMW dependia e muito do sucesso desportivo por uma questão de imagem pública e reconhecimento.
Assim, na década de 70 quando a BMW passava por um período de renovação interna em concreto a nível de chefias, estabeleceu-se uma nova estratégia, os novos directores apostavam numa dinâmica empresarial e laboral como forma de alcançar sucesso. A solução encontrada pelos novos corpos gerentes foi criar uma nova empresa, subsidiária da BMW, que se dedicasse apenas ao desporto motorizado e desenvolvesse esse potencial desportivo. Em 1 de Maio de 1972 assinalava-se o nascimento da BMW Motorsport GmbH, que se dedicaria a toda a vertente desportiva da marca BMW, desde a preparação à produção, do ensaio ao desenvolvimento, da folha em branco ao produto final.
A massa trabalhadora da BMW Motorsport GmbH, era uma equipa de especialistas e de nomes famosos num mundo motorizado. Inicialmente apenas 35 pessoas. Destaque para alguns nomes que deixaram marca gravada na BMW Motorsport: Jochen Neerpasch (ex piloto da Porsche), Chris Amon, Toine Hazemans, Hans-Joachim Stuck e Dieter Quester. Equipa esta que representava a marca nas competições de pista. Para os ralis outros nomes conhecidos faziam parte da equipa, tais como Bjorn Waldegaard e Achim Warnbold. Este último tinha como co-piloto Jean Todt, que também ele marcou fortemente a BMW.
Como uma força de trabalho recheada de nomes importantes do meio automobilístico, surgiram logo bons resultados. Em 1973 foi a data do surgimento do trabalho desenvolvido até então, com dois modelos que viriam a ser o farol para o futuro.
Um desses automóveis, era o famoso BMW 2002. Dotado de um motor potente com 16 válvulas e 240 cavalos de potência, um peso na ordem dos 950 kg e pronto a correr. O outro modelo era um não menos famoso; BMW 3.0 CSL. Um derivado do modelo de série 3.0 CS mas onde a letra L tinha um papel especial. Pois representava o facto de ser muito leve (leicht), eram só 1092 kg de peso total. O seu motor de 6 cilindros em linha de 3340cc extraía cerca de 360 cavalos de potência que passava essa potência ao solo através de uma caixa de 5 velocidades. O sucesso de ambos foi imediato e as vitórias não tardaram a aparecer.
Este último, era um automóvel já muito avançado para época, onde claramente algumas das opções na sua construção demonstravam isso mesmo. O baixo peso foi conseguido através do recurso ao alumínio. Portas, capot, cobertura do porta-bagagens e outras partes da carroçaria foram construídas com esse material. A caixa manual de 5 velocidades possuía um carter em magnésio. Outra característica que viria a marcar a história do CSL era a sua pintura branca com as três riscas coloridas, azul, violenta e encarnada.
A sua primeira participação não poderia ter sido melhor, Amon e Stuck triunfaram logo à primeira na prova de Turismos no Nurbugring. Ganharam também a classe nas 24 Horas de Le Man e com um famoso piloto como Niki Lauda venceram também a prova do campeonato do mundo, isto tudo no ano de estreia do CSL.
Continuado a senda de sucessos, de 1973 a 1979, este modelo emblemático ganhou 6 vezes consecutivas no europeu de Turismos.
Este automóvel teve além de um papel fundamental nas conquistas da marca a nível mundial, mas representou outros papéis. Além das evoluções que foi sujeito ao longo dos anos em termos mecânicos, também serviu como viatura para experimentar novas tecnologias e fazer inúmeras experiências. Desde sistemas ABS, motores turbo, capazes de 800 cavalos, praticamente tudo o que na época se poderia desenvolver pela Motosport era testado neste carro.
Em 1976 houve mesmo uma participação na prova de Turismos com um CSL equipado com motor 3.2 Bi-turbo com 750 cavalos. O piloto foi o Ronnie Peterson.
Mas não foi só nos campeonatos de Turismos que a BMW Motorsport participou, desde 1973 também esteve presente também na Formula 2, conseguindo alcançar o sucesso. Títulos europeus através de Patrick Depailler em 74, Bruno Giacomelli em 78, Marc Surer em 79 e por fim Corrado Fabi em 1982.
Os triunfos passaram também o oceano atlântico, na América, mercado de grande importância, fez com que a Motorsport e os modelos BMW conseguissem o triunfo no campeonato na década de 70.
Nestas 3 décadas, a produção desportiva da BMW Motosport nunca parou e foram muitos os seus modelos que conseguiram enorme prestígio, sendo actualmente a letra M de Motosport sinónimo de elevadas prestações e sucessor desportivo.
O M1 foi o 1º BMW a exibir a célebre letra M
Em 1978 surge o primeiro automóvel de produção de série com a letra M, era um início promissor. Falamos do BMW M1 que foi pensado para combater os Ferrari e Lamborghini da época. Foi construído pelos italianos da Lamborghini e tinha uma carroçaria em plástico construída pela Baur. O motor colocado em posição central-traseira, conseguindo o seu 6 em linha, 277 cavalos de um bloco de 3,5 Litros de cilindrada. As suas linhas e dimensões, a pouca altura ao solo que não ultrapassava os 1140mm, tornaram-no um clássico ainda antes de ter sido iniciado a sua comercialização. Nessa altura Jochen Neeer-rspach, director da BMW Motosport GmbH, conseguiu convencer Bernie Ecclestone e Jean Marie Ballestre, este último dono da FIA e da FISA na altura, a organizar uma competição M1 como complemento dos Grandes Prémios.
O M1 conseguiu impor-se também como o automóvel de estrada mais rápido fabricado até então na Alemanha. Durante um ensaio realizado em 1979, o M1 alcançou 264,7km/h.
Mas houve um problema com esta iniciativa, a BMW Motosport GmbH não conseguia produzir M1 suficientes para as encomendas. O fabrico tinha ficado a cargo da Lamborghini e alguns problemas de fornecimento, desencorajaram alguns potenciais compradores.
Em Abril de 1980 a BMW anunciou oficialmente a sua chegada à Fórmula 1. Os engenheiros da Motorsport tiveram luz verde para desenvolver o primeiro motor destinado a esta disciplina. A entrada na Fórmula 1 foi decisiva, e logo de que maneira, pois conseguiu impor um tipo de motor impensável e inadequado ao mundo da F1. Um quatro cilindros turbo com 1,5 Litros de capacidade. A partir deste bloco, os técnicos realizaram um motor capaz de debitar 800cv. O segredo estava na tecnologia multiválvulas e na utilização de um turbo, controlado electronicamente, o que era a primeira vez que acontecia na F1. Dotado de um chassi Brabham e com a magia a inteligência de Gordon Murray e as capacidades técnicas de Nelson Piquet ao volante, a BMW Motorsport conseguiu o título de pilotos em 1983.
Foi um motor que dominou, chegava de forma pontual a debitar mais de 1500 cavalos e constantes durante as provas dos 800 a 900 cavalos. O sucesso continuou até 1987. Depois o período dos turbos terminou na Fórmula 1 e a BMW pôs fim ao desenvolvimento desta tecnologia.
A BMW apresentava em 1986 o BMW M3, cujo desenvolvimento tinha sido feito em conjunto para o veículo de série e o para a competição, tendo revelado desde logo as suas capacidades. Para participar no Grupo A a BMW deveria produzir 5000 unidades do carro. O BMW M3 tornou-se a insígnia da Motorsport.
Desde esse título, a actividade da BMW Motosport GmbH não diminuiu, muito embora tenha mudado a sua designação em 1993 para simplesmente BMW GmbH M e a sua produção se tenha estendido aos modelos de produção em série como os M3, M5, X5M, X6M, 1M e até um M diesel.
Durante esse período, ainda ganhou as 24 Horas de Le Man em 1999 com um modelo 100% BMW, tendo conseguido antes disso uma vitória com o seu motor V12 montado num Mclaren F1.
A BMW sempre envolvida nos carros de Turismo, e em 1987 Roberto Ravaglia com o seu M3 E30 conseguiu o título no WTCC. Só anos mais tarde em 2005 se voltaria a repetir um sucesso nesta classe, quando Andy Priaulx conseguiu o título de construtores mas desta vez não com um M3 mas com sim com um E46 320i.
No ano seguinte o sucesso continuou e novamente surgiram os títulos. Com um novo automóvel, o E90 320si, a BMW conquista a dobradinha, com o título de construtores e o título de pilotos. Em 2007 a história volta a repetir-se e Andy Priaulx conquista novamente o título de pilotos. Por fim em 2012 a BMW regressou ao DTM com um BMW M3 E92.
Na F1, em 2001 a BMW estava ligada à Williams no desenvolvimento do E41 V10 e até 2004 conseguiram algumas vitórias através dos seus pilotos; Ralf Shumacher, Jenson Button e Pablo Montoya. Em 2005 chegaram a alcançar o 5º lugar na tabela de construtores mas desta vez com uma dupla de pilotos diferentes; Nick Heidfeld e Mark Webber.
Depois disso a ligação com a Williams “quebrou-se” e a Sauber em 2006 inicia nova pareceria com BMW Motosport. Em 2007, o Sauber BMW F1.06 tem uma carreira com relativo sucesso. Uma vez mais conseguiu o 5º posto na tabela de construtores. Os seus pilotos Nick Heidfeld e Jacques Villeneuve, este último acabou mesmo por ser substituído após problemas entre ele e a equipa. Acabou por ser substituído por Robert Kubica.
Mas foi em 2007 que a BMW conseguiu melhorar os resultados obtidos em 2006, a BMW acabou mesmo por pontuar em todas as corridas, e com isso obteve o 2º lugar entre os construtores com 100 pontos. Em 2008 conseguiram mesmo o triunfo inaugural do campeonato e vários pódios.
Mas em 2009 foi um ano desapontante e a equipa acabou mesmo por ser vendida à Sauber em 2010.
A BMW M GmbH foi criada com um intuito diferente do actual panorama que rodeia a BMW, uma vez que no inicio apenas se focavam na competição, em construírem automóveis para correr como o M1 ou o saudoso BMW 2002 que tantas recordações trazem aos portugueses que acompanhavam à época os ralis nacionais. Porém, os “gurus” por detrás deste projecto, sabiam que um carro ganhador em pista, poderia fazer muito pela marca se fosse comercializado para à estrada. Não só era uma possibilidade para mostrar ao mundo as capacidades técnicas e a tecnologia, como era uma mais-valia em termos económicos. O símbolo M passou para a traseira de muitos BMW e com enorme sucesso, um bom exemplo disso: O BMW E30 M3. Ganhador em pista e um carro adorado por todos em estrada. E foi assim que desde 1993 a empresa tem sido um modelo de sucesso em fazer automóveis com caracter desportivo e tecnologia de ponta. Venham mais 40.
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