É inevitável pensar-se na Aston Martin e a partir daí, vir ao de cima a memória dos filmes do James Bond. Mas mais do que falar desse tema em especial, irei abordar um automóvel da marca britânica que não esteve envolvido em nenhum desses filmes, mas que pela sua beleza e carisma bem podia ter sido a estrela de qualquer filme de Hollywood. Na opinião de muitos e da minha inclusive, o Aston Martin DB7 foi um dos automóveis mais bonitos alguma vez concebidos e foi o ponto de viragem de uma marca que já sofreu imenso em termos económicos mas que hoje se encontra de saúde e recomenda-se.
A criação do DB7 ficará sempre conhecida como um momento decisivo na história da Aston Martin. Pouco tempo depois de a marca ter sido comprada pelo Grupo Ford, Walter Hayes o novo presidente decidiu que estava na altura de criar um novo, mais sofisticado, e mais acessível automóvel desportivo, algo que era urgentemente necessário para virar a sorte da empresa e colocar os holofotes da ribalta de novo na Jaguar.
O DB7 tinha um nome de código dentro da empresa, e acabaria por ficar conhecido inicialmente por NPX. O seu desenvolvimento foi efectuado com a prata da casa ou seja com os recursos da Jaguar, porém em termos financeiros o apoio financeiro era da inteira responsabilidade da Ford Motor Company, que era proprietário da Aston Martin desde 1988. A plataforma do DB7 era uma evolução do Jaguar XJS, embora com inúmeras mudanças.
O seu design inicialmente era basicamente uma versão do recém-nascido Jaguar F Type que foi desenhado por Keith Helfet. Porém consciente que este não era o melhor caminho a seguir a Ford cancelou essa ideia, e o desenho geral foi efectuado do zero, a partir da plataforma de um Jaguar XJS. O design foi retocado com ligeiras mudanças por Ian Callum, e com essas alterações de desenho, o aspecto geral já se parecia mais com o ADN da Aston Martin. A primeira geração do Jaguar XK-8 também usou uma evolução da plataforma XJ-S/DB7 e ambos os automóveis partilhavam assim o seu “esqueleto”, apesar da Aston Martin ter tido sempre um valor comercial mais elevado, não esquecendo porém que também foi sempre uma marca mais exclusiva.
O DB7 foi concebido e projectado em Kidlington, no Reino Unido através da empresa Racing Tom Walkinshaw, que trabalhava em colaboração com a Aston Martin. Os motores também continuaram a ser construídos em Kidlington, durante o ciclo de produção do automóvel.
Mais tarde a produção do modelo Virage era realizada em Newport Pagnell, uma fábrica inteiramente nova, que foi adquirida em Bloxham, Oxfordshire. Estrutura essa que já havia sido usada para produzir o Jaguar XJ220, e onde cada DB7 foi construído ao longo da sua produção.
O Aston Martin DB7 e os seus parentes eram os únicos Aston Martins produzidos em Bloxham, e os únicos com uma construção inteiramente em aço, algo que foi herdado dos modelos da Jaguar. No passado a Aston Martin usava tradicionalmente o alumínio para as carroçarias dos seus carros, nos dias de hoje não só esse material é usado extensivamente à carroçaria como também no chassi e noutros importantes componentes. No DB7 a herança e os custos falaram mais alto e o aço acabou mesmo por ser o material escolhido para a sua construção.
Obviamente sendo a marca inglesa também conhecida pelas versões descapotáveis, a versão aberta denominada Volante foi apresentada no Salão Internacional Americano do Automóvel em Detroit, em 1996. Ambos os modelos usavam um motor 6 cilindros em linha com compressor volumétrico que produzia cerca de 335 cavalos de potência e 489 Nm de binário. A marca também fornecia como opção um extra especial chamado Driving Dynamics, que melhorava o desempenho e o comportamento dinâmico do DB7 em relação ao modelo de origem, o que permitia aos condutores usufrui de um comportamento mais desportivo.
Mais tarde em 1999, a marca apresentou ao mundo o mais poderoso DB7 V12 Vantage. Essa apresentação teve lugar no Salão Automóvel de Genebra. A maior alteração era de facto a adopção de um motor com 6.0 Litros de capacidade, 12 cilindros e 48 válvulas.
Este poderoso V12 produzia 420 cavalos de potência e 540 Nm de binário e alterava por completo o carácter do DB7. As caixas de velocidades disponíveis neste modelo eram uma caixa manual de 6 velocidades ou uma caixa automática de cinco velocidades.
Com a caixa manual não só as performances eram melhor, como o prazer de condução do grande GT era bastante superior. Segundo os dados da Aston Martin a velocidade máxima de 299 km/h só podia ser atingida com a caixa de velocidades manual. Com a caixa automática esse valor era bastante inferior e rondava os 266 km/h. A aceleração dos 0 aos 100 km/h era efectuada em 4,9 segundos na versão automática e 4,8 segundos na versão com caixa manual. Com 4.692 milímetros de comprimento, 1.830 milímetros de largura, 1,243 milímetros de altura, e um peso de 1,800 kg o DB7 era um GT grande, pesado, imperial e muito confortável. Porém curiosamente no interior, não era um automóvel muito espaçoso. Após o lançamento do Vantage, as vendas do DB7 com o motor de 6 cilindros caíram de forma considerável, e dessa forma a marca encerrou a produção deste motor em meados de 1999.
Mais tarde em 2002, uma nova versão foi lançada, chamada V12 GT com caixa manual ou V12 GTA com uma transmissão automática. Este modelo era essencialmente uma versão melhorada do Vantage, uma evolução por assim dizer, e os maiores críticos da época diziam mesmo que era o DB7 que devia ter sido logo desde o inicio da sua produção. O seu motor V12 debitava 435 cavalos de potência e 560 Nm de binário máximo.
Esteticamente, as diferenças em comparação com o Vantage, passavam por uma grelha frontal diferente, entradas de ar no capô, um spoiler na traseira, uma alavanca da caixa de velocidades em alumínio, e a opção de escolher o acabamento em fibra de carbono assim com outro tipo de jantes. Outras alterações e melhoramentos foram efectuados na travagem, em especial na dimensão dos discos, que passaram a ter 355 mm à frente e 330 mm no eixo traseiro. Esses discos eram ventilados e fabricados pela Brembo.
Este Aston Martin foi um ponto importante de viragem para a marca em termos comerciais e de imagem. É porventura um dos coupés mais bonitos e elegantes do mundo, com um design moderno e intemporal. Um verdadeiro GT (Grand Tourer), com elegância, conforto, potência, beleza, e mais importante com todo o carisma e ADN da marca inglesa.
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