NSU Rennfox Dolphin e Rennmax Blue Whale: dois motociclos marcados pela aerodinâmica apurada que alcançaram vários feitos históricos na década de 1950. A NSU, sediada em Neckarsulm, cedo se dedicou ao apuro aerodinâmico em túnel de vento, desenvolvendo modelos para competição e para quebrarem recordes de velocidade. No último episódio sobre a história da NSU em ano de comemoração do seu 150º aniversário, a Audi Tradition apresenta alguns dos veículos únicos desta marca histórica.
No final da década de 1960, o NSU Ro 80 ganhou fama com a sua forma futurista e aerodinâmica com carroçaria em forma de cunha que permitiu alcançar um coeficiente de resistência de 0,35 cW. O Ro 80 estabeleceu uma nova referência para os automóveis de produção e foi eleito “Carro do Ano” em 1967, sobretudo devido ao seu design e ao inovador motor Wankel. Mas duas décadas antes, os motociclos da NSU já apresentavam design altamente aerodinâmico, alcançando vitórias notáveis em competições internacionais e estabelecendo inúmeros recordes mundiais.
1951: oito novos recordes mundiais de velocidade para as motos NSU
Wilhelm Herz, um experiente piloto de motos de competição que já tinha trabalhado para a NSU durante vários anos e celebrado muitos sucessos com a marca, foi o principal impulsionador das ambições pela quebra de recordes. Em 1948, convenceu os engenheiros-chefes da NSU a apoiar os seus planos para estabelecer um recorde com um projeto aerodinâmico da autoria de Reinhard Freiherr von Koenig-Fachsenfeld. Devido à sua forma única e comprimento invulgar, o veículo de Fachsenfeld foi apelidado de “charuto recordista” na NSU. O seu design promissor foi testado exaustivamente, mas a empresa interrompeu os planos de bater o recorde após Herz ter sofrido um acidente. Uma vez que nenhum outro piloto da NSU queria sentar-se aos comandos do “charuto recordista”, o Dr. Walter Froede, então chefe do departamento de desenvolvimento da NSU, suspendeu o projeto. Mas os planos não foram completamente arquivados: a abordagem da NSU à competição e outros conceitos aerodinâmicos deram frutos noutras áreas – em abril de 1951, as motos NSU participaram em corridas de recorde de velocidade na “autobahn” de Munique-Ingolstadt. Herz conduziu uma mota NSU de 500cc sobrealimentada e de carenagem única, cuja secção dianteira e pontiaguda faz claramente lembrar um golfinho, animal marinho que inspirou originalmente os engenheiros de aerodinâmica. Herz conduziu a Dolphin I a uma velocidade máxima de 290 km/h, um recorde mundial! O ano de 1951 ficou para a história da NSU, com a marca a estabelecer oito novos recordes mundiais de velocidade.
Foi nesse mesmo ano que o designer gráfico Gustav Adolf Baumm contactou a empresa. Baumm apresentou o seu projeto de veículo recordista, que ia muito além do conceito de Fachsenfeld, e em que o condutor estava deitado de costas, tendo disponível uma altura de apenas 75 centímetros. Utilizando uma tábua de engomar, Baumm convenceu o diretor de desenvolvimento (Froede) da capacidade de controlo dinâmico permitida pelo seu projeto e recebeu apoio financeiro e técnico da NSU. Depois de apresentar com sucesso a sua primeira moto, tantas vezes designada por “espreguiçadeira de Baumm” ou “banco de jardim voador”, em 1952, a NSU adjudicou um contrato a Baumm, que desenvolveu o Baumm I e o Baumm II, que alcançaram excelentes coeficientes de resistência aerodinâmica, num trabalho em conjunto com o departamento de investigação da NSU. As “espreguiçadeiras de Baumm” não satisfaziam muitos dos requisitos mais comuns, não tinham conforto e eram totalmente inadequadas para… relaxar num jardim! Mas bateram recordes, razão pela qual foram chamadas de “bancos de jardim voadores”. Em 1954, Baumm bateu onze recordes mundiais nas classes de 50 a 175cc, tanto como projetista como piloto.
Enquanto a “espreguiçadeira de Baumm” foi concebida principalmente para estabelecer recordes de velocidade, a NSU utilizou outros conceitos aerodinâmicos nas corridas. Em 1954, o NSU Rennmax Dolphin ganhou todas as corridas em que participou na classe de 250cc, alcançando vitórias duplas, triplas e até quádruplas. No mesmo ano, na corrida Solitude, perto de Estugarda, foi utilizada pela primeira vez a carenagem integral conhecida como “Baleia Azul”. Em comparação com a Rennmax com a carenagem Dolphin (golfinho), a carenagem Blue Whale (baleia azul) permite velocidades ainda mais elevadas. Na primeira corrida, os pilotos Werner Haas e Rupert Hollaus ficaram em primeiro e segundo lugar, respetivamente. Em 1954, Haas ganhou o Campeonato do Mundo e o Campeonato da Alemanha na classe de 250cc numa Blue Whale. Na classe de 350cc, Hermann Paul Müller conquistou o título de campeão alemão para a NSU com uma Rennmax Blue Whale modificada com 288cc de cilindrada.
Herz estabelece o recorde mundial de velocidade de 339 km/h num Dolphin III
No verão de 1956, a NSU duplicou a sua série de recordes. O famoso Bonneville Salt Flats foi o palco ideal: um dos marcos naturais mais emblemáticos do Utah, o lago salgado é o local perfeito para corridas de velocidade, tendo sido criada uma pista com 22 metros de largura. H. P. Müller estabeleceu vários recordes de velocidade num Baumm II e atingiu a velocidade de 242 km/h num NSU Rennfox de 125cc. Nesse mesmo ano, Wilhelm Herz conduziu um Baumm IV e um Dolphin III. O Dolphin III, com a sua barbatana caudal caraterística, tinha uma missão especial: Herz queria conduzi-lo mais rápido do que qualquer outro motociclo alguma vez o tinha feito e, apesar das condições menos do que ideais e de uma série de adversidades que exigiram alterações no terreno ao Dolphin III, Herz decidiu bater o recorde a 4 de agosto. Gerd Stieler von Heydekampf, Diretor-Geral da NSU, e o Diretor Técnico Viktor Frankenberger acompanharam a equipa, e uma estação de rádio estava a transmitir a partir do Utah. O esforço valeu a pena, pois Herz atingiu uma velocidade máxima de 339 km/h na moto, estabelecendo um novo recorde mundial e demonstrando de forma impressionante a perícia da NSU na construção e conceção aerodinâmica de motos.
“Windschnittig”: nova exposição de aerodinâmica no museu Audi mobile
A relação entre a capacidade de se atingir uma elevada velocidade máxima com o mínimo consumo de combustível é apenas um dos aspetos que compõe o complexo mundo da aerodinâmica. Na sua atual exposição intitulada “Windschnittig” (alemão para “aerodinâmico”), a Audi Tradition convida todos os interessados em tecnologia para uma viagem através da história da aerodinâmica. A nova exposição no museu Audi mobile em Ingolstadt, que estará patente até 9 de junho de 2024, apresenta os conceitos aerodinâmicos básicos do período até 1945, revelando o pioneirismo da investigação em aerodinâmica. Edmund Rumpler, Paul Jaray e o já referido Reinhard Freiherr von Koenig-Fachsenfeld são nomes que nenhum estudante de aerodinâmica pode ignorar. No início do século XX, estes três engenheiros começaram a adaptar as formas da carroçaria dos automóveis ao fluxo de ar. Os visitantes da exposição “Windschnittig” vão encontrar mais de uma dúzia de veículos em exibição, incluindo modelos que são tão raros como únicos. A segunda parte da exposição intitula-se “Form vollendet” (“forma perfeita”, em alemão), conta a história da aerodinâmica após a Segunda Guerra Mundial e está atualmente em exibição no Museu August Horch em Zwickau. Chegará ao Audi mobile em julho de 2024.
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