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Dodge Charger Hemi: Musculo Americano

Este enorme e carismático modelo, é um daqueles automóveis que representam o que melhor se fez e ainda faz na terra do “Tio Sam”. Modelo icónico que apareceu em vários filmes de Hollywood (Bullit, Fast & Furious, The Dukes of Hazzard etc.) e que transportou ao longo de décadas um nome que ainda hoje é imensamente respeitável e apreciado.

Este famoso nome americano (Charger) apareceu pela primeira vez na história, quando ainda estava relacionado ao modelo Dodge Dart, que tinha um motor pouco entusiasmante, com apenas 180 cavalos de potência. A luta com o seu mais directo adversário foi inglória, pois do outro lado estava o famoso Ford Mustang. O nome Charger era popular, no entanto, foi necessário criar um automóvel capaz de dar ao nome um conteúdo do mesmo nível. Assim surgiu em 1966 o Dodge Charger, com uma na carroçaria e com alma renovada e mais agressiva, e claro um coração novo e muito mais poderoso, falamos pois é claro dos motores Hemi. Os amantes de automóveis daquele período (década de 60) ficaram completamente rendidos pelo design ao estilo “Fastback”.

A frente do carro possuía um conjunto de faróis duplos que se escondiam sob a grelha cromada. O Charger foi essencialmente concebido para ser um automóvel desportivo de quatro lugares. A sua imponente carroçaria e o seu interior desportivo deram uma presença física possante ao Dodge Charger de 1966, não esquecendo também a “alma” que se encontrava debaixo do capô.

A mecânica de acesso à gama era um motor com 5.2 litros de capacidade e com uma configuração de 8 cilindros em V com 230 cavalos de potência. Mais tarde esta mecânica sofreu uma actualização, e a sua cilindrada subiu para 6300 cm3 e a sua potência cresceu para os 335 cavalos. O motor mais conhecido no Charger de 1966 não precisa de grandes apresentações, porque quando se fala em Charger é inevitável associar-se sempre a palavra Hemi.

A mecânica Hemi foi introduzida pela Chrysler em 1951 e o primeiro Dodge a usar uma mecânica desse tipo foi em 1953 no modelo Coronet. Com 3.9 Litros e apenas 180 cavalos de potência, o início das mecânicas Hemi foi bastante modesta quando comparado com os modelos que surgiram mais tarde, como o 7.2L. Baseado no sucesso dos motores com menor cilindrada, a Chrysler começou a trabalhar num modelo de alta performance para a sua intenção de entrar em competição. Assim, em 1963, o primeiro 426 Hemi foi testado e, em 1964, o Hemi começou a participar no campeonato NHRA e nas corridas de NASCAR.

O nascimento do Charger Hemi em 1965, marcou a primeira vez que o potente Hemi 426 ficou disponível nos catálogos. Com uma potência de 425 cavalos, o Hemi era bem conhecido pela sua potência ser bastante subestimada, já que a sua potência real ficava muito perto dos 500 cavalos. O Charger não foi concebido apenas para ser um automóvel rápido de estrada. O outro sentido do Charger foi sempre a participação no campeonato de NASCAR, mas mais tarde nesse ano, tudo mudaria com a proibição de motores Hemi nesse campeonato.

Porém o Charger foi um sucesso tanto na pista como na estrada, e o Hemi 426 foi uma parte importante dessa popularidade. Tinha o espírito de um carro desportivo, mas estava recheado com equipamentos (invulgares neste segmento) de luxo, como interior em pele, ar condicionado, vidros eléctricos e carpete interior completa. Era realmente o carro indicado para quem queria potência sem ter que abdicar no capítulo do conforto.

Em 1967 surgiu a introdução de outro motor para a gama Charger. Falamos do Magnum 440, que era oferecido como o motor padrão no Charger R/T, com “apenas” 375 cavalos de potência, o Hemi ainda era o motor mais potente da gama. Apesar do novo motor, não houve grandes mudanças no Charger Hemi em 67, e talvez por isso as vendas tenham caído para apenas 118 unidades vendidas. Uma das razões das baixas vendas do Hemi foi as diferenças nas garantias. A Chrysler foi uma das empresas pioneiras em oferecer 5 anos de garantia, mas esta não estava disponível no Charger Hemi, que veio com apenas 1 ano, e houve uma estipulação prévia que se este modelo participasse em corridas ilegais ou em circuito, a garantia seria imediatamente anulada. A Chrysler era tão obcecada com isso, que chegou mesmo a enviar representantes da empresa para apoiar a polícia a detectar os números de identificação dos veículos dos modelos Chrysler usados em circuitos.

O Charger entre 1966 e 1967 tinha provado o seu valor na pista e na rua, mas o público queria um automóvel ainda mais desportivo. E os responsáveis das marcas apressaram-se a deixaram uma promessa de um Dodge Charger novo e melhorado.

Quando o Dodge Charger foi lançado para o público em 1968, era exactamente o que todos os fãs da marca tinham vindo a pedir. Os números de vendas naquele período de 1968 superavam as 96000 unidades, valores que superavam os números previstos pela marca inicialmente, na ordem dos 35000 e que incluíam os Hemi Chargers 467.

A nova estética da carroçaria ficou conhecida como o “design de garrafa de Coca Cola”, e que se tornou num ícone da era dos Muscle Cars. Porém ainda havia pormenores no novo desenho do Charger original, em especial a forma como os faróis se escondiam por detrás da grelha no modelo fastback. O design da carroçaria do modelo de 68 era mais arredondado do que na geração anterior.

O Hemi 426 recebeu alguns melhoramentos mecânicos. Recebeu uma nova árvore de cames, mais resistente e dotada de molas de válvula mais fortes, assim como uma revisão do sistema de lubrificação, uma vez que alguns proprietários reclamaram do consumo de óleo excessivo nos seus Hemi. Curiosamente e mesmo com estas actualizações, a Dodge ainda anunciava apenas 425 cavalos de potência máxima.

O Charger de 1969 ficou ainda mais popular com a adição do equipamento chamado Charger 500, que era composto por uma grelha diferente dos outros modelos. O vidro traseiro foi alterado e projectado de acordo com os regulamentos da NASCAR, e essas mudanças foram necessárias para as equipas de competição. A Dodge também apresentou outro modelo para as pistas em 1969, esse modelo ficou conhecido como o Dodge Charger Daytona e foi um dos automóveis de competição mais conhecido de todos os tempos, graças em parte ao pára-choques dianteiro exclusivo e ao enorme spoiler traseiro. Características essas que também partilhava com outro modelo, o Plymouth Superbird. O motor original do Daytona foi o Magnum 440 (7.2 litros), mas foram vendidos cerca de 70 Daytona equipados com o motor Hemi em 1969.

Em 1970 o Charger sofreu algumas alterações, entre elas, um novo desenho da grelha frontal. O Charger 500 naquele período deixou de ser um automóvel de competição, já que tinha deixado de ser utilizado na NASCAR. O Charger Daytona de 1969 tornou-se uma lenda, mas o carro teve sérios problemas de fiabilidade, em especial problemas de superaquecimento, por isso só foi oferecido ao público durante um ano, em 1970. Isso levou a repensar o modelo Plymouth RoadRunner a fim de acrescentar modificações para corrigir os problemas anteriores. Todos esses acontecimentos deixaram o Charger R/T como sendo o modelo mais desportivo e premium, com um novo motor 440 intitulado “six-pack”, capaz de debitar 390 cavalos de potência. Ainda assim, mesmo com essa potência extra, o motor Hemi 426 ainda era o rei da linhagem Charger. O preço elevado do Hemi Charger em relação à concorrência (incluindo outros automóveis, como o Chrysler Hemi RoadRunner) fez desacelerar as vendas para apenas 42 unidades em 1970.

Quando em 1971 o Dodge Charger foi lançado, o modelo tinha sofrido um profundo facelift. A extremidade dianteira apresentou um envolvente pára-choques integrado, semelhantes aos do modelo Pontiac GTO desse período. A potência desceu em quase todos os motores Hemi, excepto no 426, fruto de uma crise dos combustíveis que se aproximava e fez disparar os preços das matérias-primas. Isso combinado com as restrições do governo sobre as emissões de gases dos motores, sufocaram e muito o mercado automóvel naquele tempo. A Ford e a GM adaptaram os seus carros mais desportivos com o Camaro e Mustang com motores de 4 cilindros mais eficientes mas sem charme. A Chrysler acabou por decidir remover os modelos mais desportivos e poluentes, completamente das suas fileiras.

O Charger Hemi de 1971 tinha uma estética ainda mais agressiva do que a geração anterior e as modelos R/T e Super Bee, podiam ser equipados de fábrica com o motor Hemi. Foram vendidos um total de 85 Hemi Charger em 1971. O estilo fastback tornou-se ainda menos extremo, e aproximava-se mais de um coupé. Mas no geral, o visual original do Charger Hemi de 1966 foi preservado. Apesar de terem sido produzidos poucos naquele ano, o seu nome era suficientemente forte e carismático para ser considerado uma referência entre os Muscle Cars.

A produção do Charger continuou em 1972, mas já sem o motor Hemi. No ano de 1978, a mecânica mais potente no modelo Charger era um “modesto” motor com 5.9 Litros e apenas 200 cavalos de potência. Mais tarde, em 1980, este modelo tornou-se num modelo compacto de tração dianteira, e depois deste modelo parecia que o nome Charger simplesmente estava condenado a desaparecer para sempre. Mas não…

Em 2005 já havias rumores de que um novo Dodge Charger estava para nascer. A Chrysler Corporation anunciou este modelo desportivo estava de novo nos planos da marca para a respectiva produção. Curiosamente poucos anos antes, o Hemi já havia ressuscitado na forma de um motor 5.7L na pick-up Dodge Ram, o que dava mais umas pistas sobre o futuro do novo Dodge Charger. Depois em 2006 surgiu o anúncio oficial e o modelo Dodge Charger estava de volta, e logo com um novo Charger Hemi.

O novo Dodge Charger de 2006 era oferecido com a escolha de um 2.7L e 3.5L V6, mas o motor mais escolhido e apetecível foi mesmo o 5.7L Hemi, que produzia 345 cavalos de potência. Porém alguns fiéis da marca estavam descontentes com o facto de o modelo ser oferecido apenas como um sedan, mas isso não diminuiu as vendas.

Seguindo a mesma estratégia de outros tempos, o Charger Daytona oferecia 350 cavalos de potência, e um spoiler frontal mais agressivo que ficava mais perto do solo do que no modelo original. O modelo Dodge Charger Daytona R/T contou com com uma suspensão e pneus mais desportivos, assim como outras cores para a carroçaria.

A maior novidade para o Charger 2006 foi a versão/equipamento SRT-8, que, como o original Charger Hemi, trazia um motor 6.1L com 425 cavalos de potência. Porém o novo Charger era um sedan desprovido de uma transmissão manual, pois todas as versões tinham caixa automática.

Em 2007 surgiu outra versão clássica do modelo, o Charger Super Bee estava de volta. Equipado com o motor Hemi SRT-8 de 6.1 Litros, com os mesmos 425 cavalos de potência e com os emblemas Super Bee tanto no interior como no exterior, e também com uma nova actualização do sistema de travagem. Estes modelos apenas eram vendidos com a cor amarela Yellow Detonator, e foram construídas apenas 1000 unidades. Outro modelo a estar disponível em 2007 foi o Daytona R/T, desta vez oferecido numas cores mais extravagantes (Sublime e Plum Crazy), e com as mesmas opções dos modelos Daytona de 2006.

O modelo de 2008 do Dodge Charger trouxe mais do mesmo, com o Charger SRT-8 a ser a versão mais potente e equipada. A popularidade do Charger foi crescendo continuamente, mesmo com a nova escalada nos preços dos combustíveis. A Dodge ainda escondeu o futuro do Charger Hemi, uma vez que a atenção principal foi dirigida ao modelo Dodge Challenger SRT-8, que oferecia quase todas as opções do Charger mas num formato coupé.

Actualmente no modelo de 2013, os Charger estão disponíveis com o nível de equipamento SE, Rallye, R/T e SRT8. Os modelos SE e Rallye vêm equipados com motores 3.6L V6. A mecânica Hemi, com 5.7 litros, 8 cilindros em V e com 370 cavalos está disponível apenas nos modelos R/T.

A versão mais potente intitulada SRT8 possuiu ainda mais potência. Com 6.4 Litros a mecânica Hemi V8 debita 470 cavalos de potência. A tracção traseira é obviamente a escolha para os mais puristas, porém neste modelo também é possível encomendar tracção integral nas configurações Rallye e R/T.

Só no futuro saberemos o que vai acontecer com o Dodge Charger, que se manteve bastante popular mesmo durante longos períodos em que não foi produzido. Para já e graças ao seu poderoso motor Hemi, o Dodge Charger tornou-se uma vez mais num dos automóveis apetecíveis no mercado americano. O novo modelo continua a sua boa carreira, inclusive na NASCAR. Porém não convém esquecer o legado que o seu antecessor deixou para trás, o mercado de clássicos reflecte isso mesmo, com os Chargers a valorizarem imenso por culpa da sua imponência, história, potência e seu pedigree desportivo. Um automóvel que marcou uma era nos EUA e que é adorado por muitos no resto do globo.

Sérgio Gonçalves

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