Nascido em Modena, Itália, Enzo Ferrari cresceu com pouca educação formal, mas com um forte desejo em automóveis de corrida. Quando tinha 10 anos de idade, em 1908, quando se encontrava a assistir às corridas no Circuito di Bologna, ele decidiu seguir a carreira de piloto de automóveis.
Durante a 1ª Guerra Mundial, ele foi chamado a incorporar a divisão de Artilharia do Exército italiano. O seu pai Alfredo, assim como seu irmão mais velho, também chamado Alfredo, morreu em 1916 vítima de um surto de gripe generalizada naquele período em Itália. Enzo Ferrari ficou gravemente doente na pandemia de gripe em 1918 e foi, consequentemente, dispensado do serviço militar italiano. Ao voltar para casa, ele descobriu que a empresa da família havia desabado.
Naquela época Enzo não tinha grandes perspectivas de emprego, mas lá conseguiu um contrato de trabalho numa pequena empresa automóvel chamada CMN (Costruzioni Meccaniche Nazionali. O trabalho nesta empresa consistia em redesenhar carroçarias de camiões para serem utilizadas posteriormente em automóveis de passageiros de pequeno porte. A sua estadia nesta empresa não teve grande sucesso.
Enzo acabaria por deixar a CMN em 1920 para ir trabalhar para a Alfa Romeo e dessa forma, teve a oportunidade de pilotar os seus automóveis em corridas locais, onde aí sim, teve mais sucesso.
No dia 17 de Junho de 1923, correndo em Ravenna (Itália), recebeu um presente que se tornaria a marca de seu império: O Cavallino Rampante. O ícone foi dado pela mãe de Francesco Baracca, um herói da aviação italiana uma que vez que tinha sido ela que havia recuperado o desenho dos destroços do avião do filho que tinha sido abatido. Nesse mesmo ícone do cavalo negro, foi adicionado um escudo amarelo (cor da cidade de Modena), a bandeira italiana no topo e as iniciais SF de Scuderia Ferrari.
E pronto estava assim criada a marca. Porém, ela só pode ser usada algum tempo depois, porque a Alfa Romeo não permitiu que Enzo a usasse nos seus automóveis.
Em 1924, Enzo Ferrari venceu a Coppa Acerbo em Pescara. Os seus sucessos em corridas locais incentivaram a Alfa a oferecer-lhe uma oportunidade de competir em provas com mais prestígio, no entanto Enzo Ferrari declinou a oportunidade, e não voltou a correr novamente até 1927. Ele continuou a trabalhar directamente para a Alfa Romeo até 1929 antes de iniciar a Scuderia Ferrari como a equipa de corrida para a Alfa Romeo.
Enzo Ferrari continuou o desenvolvimento dos automóveis da Alfa Romeo, e construiu uma equipa com mais de 40 pilotos, incluindo nomes como Giuseppe Campari e Tazio Nuvolari. Enzo continuou a pilotar até 1932.
O apoio da Alfa Romeo durou até 1933, quando as restrições financeiras fizeram a Alfa Romeo retirar-se de vez do projecto. Apesar da qualidade dos pilotos da Scuderia, a empresa alcançou poucas vitórias. As equipas alemãs, Auto Union e a Mercedes dominavam naquela época, mas a Ferrari conseguiu uma vitória notável, quando Tazio Nuvolari conseguiu vencê-las na sua própria casa no Grande Prémio da Alemanha em 1935.
Em 1937, a Alfa Romeu voltou novamente a assumir o controlo da equipa de corrida, reduzindo Enzo Ferrari a um mero director desportivo sob o comando do director de engenharia da Alfa Romeo. Enzo não ficou nada satisfeito com esta solução e abandonou a marca. Porém tinha no seu contrato uma cláusula que o impedia de competir ou desenhar automóveis para quatro anos.
Em resposta, Enzo Ferrari criou uma empresa de seu nome: Auto-Avio Costruzioni. Empresa essa que fornecia peças para outras equipas de competição. Enzo Ferrari conseguiu fabricar dois automóveis para a Mille Miglia em 1940, que foram conduzidos por Alberto Ascari e Lotario Rangoni.
Durante a Segunda Guerra Mundial a sua empresa foi forçada a ajudar na produção de material bélico para o governo fascista de Mussolini. Após os bombardeamentos junto à fábrica, Enzo Ferrari acabou por se mudar de Modena para Maranello. E foi só após a Segunda Guerra Mundial que Enzo começou a produzir e construir automóveis com o seu nome como marca, fundando assim a empresa Ferrari SpA em 1947.
A primeira participação surgiu numa corrida cidade de Turim em 1948. No entanto a primeira vitória só surgiu no final do ano, na corrida Lago di Garda. Ferrari participou no Campeonato do Mundo de Fórmula 1 desde a sua introdução em 1950, mas a primeira vitória só surgiu no Grande Prémio da Inglaterra em 1951. O primeiro campeonato ganho foi em 1952, tendo como protagonista o piloto, Alberto Ascari.
A empresa também vendeu automóveis desportivos de produção em série, com o intuito de financiar os Grandes Prémios, mas também outras provas como a Mille Miglia e Le Mans.
A decisão de a Ferrari continuar a competir na Mille Miglia, levou a empresa a muitas vitórias e grande reconhecimento público. No entanto, as velocidades crescentes, estradas em mau estado e ausência de protecção para os espectadores, deram aso a um trágico acidente na corrida.
Durante a prova Mille Miglia em 1957, perto da cidade de Guidizzolo, um Ferrari 335S pilotado pelo Alfonso de Portago, seguia a 250 km/h quando teve um rebentamento de um pneu e despistou-se para cima da multidão de espectadores que assistiam na estrada, matando Portago, o seu co-piloto e nove espectadores, incluindo cinco crianças. Em resposta, Enzo Ferrari e Englebert, o fabricante de pneus, foram acusados de homicídio num processo demorado que só foi arquivado e resolvido em 1961.
Muitas das maiores vitórias da empresa foram alcançadas em Le Mans (14 vitórias, incluindo seis vitórias seguidas no período entre 1960 e 1965) e na Fórmula Um, durante os anos 1950 e 1960, com os sucessos de Juan-Manuel Fangio (1956), Mike Hawthorn (1958) , Phil Hill (1961) e John Surtees (1964).
Em 1969, surgiram problemas que colocaram em causa a saúde financeira da empresa, a fraca procura pelos automóveis da marca e o financiamento inadequado forçaram Ferrari a permitir que a Fiat a assumisse uma participação (económica) na empresa.
Enzo Ferrari já tinha tentado oferecer à Ford a oportunidade de comprar a empresa em 1963 por cerca de 18 milhões dólares, mas, no final de negociações, Enzo Ferrari arrependeu-se quando se apercebeu que dessa forma não seria capaz de manter o controlo do programa da vertente desportiva.
A Ferrari já inserida no mundo das acções conjuntas com a Fiat, que teve uma pequena participação em 1965, Em seguida, em 1969, eles aumentaram a sua participação para 50% da empresa e mais tarde em 1988 a participação da Fiat aumentou para 90%.
Em 1974, Enzo Ferrari nomeou Luca Cordero di Montezemolo como o seu novo director desportivo. Nos anos seguintes (74 e 75) Niki Lauda venceu o campeonato de F1. Após esses sucessos e conseguindo mais um título para Jody Scheckter em 1979, o campeonato caiu num marasmo.
O ano de 1982 abriu com um monolugar forte: o Ferrari 126C2. Pilotado por pilotos de renome mundial, e que prometiam grandes conquistas nas primeiras corridas. Entretanto, Gilles Villeneuve foi morto num 126C2 em Maio, e o seu companheiro Didier Pironi teve a sua carreira abreviada noutro trágico e violento acidente em Hockenheim, em Agosto desse mesmo ano.
Pironi estava até então a liderar o campeonato de pilotos naquela fase, depois perdeu a liderança e foi obrigado a desistir das corridas restantes. Enzo continuou na presidência da empresa até à sua morte em 1988, mas a equipa não viria ver novas conquistas no campeonato de F1 durante o resto da sua vida.
Enzo Ferrari e o seu estilo de gestão (autocrático) eram conhecidos por colocar ambos os pilotos da sua equipa, um contra o outro, na esperança de melhorar o desempenho. Após a morte de Alberto Ascari, com quem teve uma relação de amizade muito forte, ele optou por não voltar a ficar muito próximo (intimamente) dos seus pilotos.
Enzo Ferrari viria a falecer em 14 de Agosto de 1988, na cidade de Maranello, com 90 anos. A sua morte não foi divulgada logo no dia, (a pedido de Enzo) mas sim dois dias depois, de forma a compensar o registo tardio de seu nascimento.
Ele ainda teve tempo para testemunhar o lançamento do Ferrari F40, um dos maiores ícones naquele período (e mesmo até aos dias hoje), pouco antes de sua morte, que lhe foi dedicado como um símbolo de suas realizações.
Em 2003, o primeiro Ferrari a ser nomeado após a sua morte, foi lançado como o superdesportivo, Ferrari Enzo.
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