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Porsche 956 – Grupo C

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Há automóveis de competição que são autênticas lendas, tanto pelo seu sucesso desportivo como pelas soluções mecânicas utilizadas e também pelo arrojo e design. Tudo isto aplica-se que nem uma luva ao Porsche 956. E porquê? É o que esperamos que o leitor veja já de seguida.

O Porsche 956 foi um automóvel de competição do famoso Grupo C (Sports Prototype). Eram automóveis com uma configuração de protótipos com soluções técnicas arrojadas. O 956 foi desenhado por Norbert Singer e construído pela Porsche em 1982 para o campeonato internacional FIA (World Sportscar Championship).

Este modelo foi mais tarde actualizado e evoluído para o modelo 956b, em 1984. Uma curiosidade importante é o facto de este bólide ter o recorde de todos os tempos para o veículo mais rápido de sempre numa volta ao famoso circuito de Nürburgring.

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Este automóvel foi construído em conformidade com as novas regulamentações à época para o campeonato do Grupo C. Estas regulamentações foram introduzidos em 1982.

O 956 foi o natural substituto de um modelo com enorme sucesso desportivo, o também famoso Porsche 936 que competiu na categoria anterior do Campeonato do Mundo que se chamava Grupo 6.

O projecto do 956 teve início em Junho de 1981, e o primeiro protótipo do chassis ficou concluído em 27 de Março de 1982, mesmo a tempo do início da temporada do Campeonato do Mundo. Jürgen Barth foi o primeiro a colocar as mãos no chassi nº1 na pista de testes (privada) da Porsche.

A característica principal do chassi de um 956, é que o mesmo é um monobloco em alumínio. Curiosamente foi a primeira vez que a marca Porsche construiu um chassi monobloco. Este tipo de construção permitia que o carro cumprisse os requisitos mínimos de peso (800kg) exigidos pelo regulamento do Grupo C.

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O motor era o mesmo que tinha sido utilizado no Porsche 936, com 2,65 Litros de capacidade, 6 cilindros em configuração boxer, que produzia cerca de 635 cavalos de potência. Esta mecânica foi originalmente desenvolvida como um motor de Fórmula Indy, por isso tinha uma cilindrada tão específica. A caixa de velocidades com embraiagem dupla foi pioneira no conceito e foi concebida para o 956, e estava acoplada a uma caixa manual tradicional de 5 velocidades.

Mais tarde em 1984 o chassis foi ligeiramente melhorado, para possuir melhor eficiência de combustível com a ajuda de um sistema eléctrico Bosch Motronic também desenvolvido em 1984. Estava evolução no modelo ficaria conhecido como o 956b.

No total foram construídos 28 Porsche 956 no período de 1982 a 1984 pela marca alemã. Porém houve outro chassi construído (o 29º) de forma não-oficial pela equipa Richard Lloyd Racing.

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O Porsche 956 também foi o primeiro automóvel de competição da marca a possuir uma aerodinâmica que permitia downforce. Em 1983, um chassis de um 956 acabou por ser uma “mula” de testes usada pela Porsche para testar um motor de Fórmula Um (P01), que mais tarde foi usado exclusivamente pela McLaren.

O carro foi capaz de testar algumas das características de um monolugar de Formula Um, com o principal objectivo de desenvolver o motor. E esse motor tornou-se um grande sucesso na F1, embora não tenha sido o mais potente. Entre 1984 e 1987, o Porsche TAG Turbo ganhou 25 Grandes Prémios e ajudou a McLaren a ganhar dois títulos de Construtores e três campeonatos mundiais de pilotos.

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Até aos dias de hoje, o motor Porsche TAG ocupa o 7 º lugar na lista de motores com mais vitórias na Fórmula 1. O 956 foi oficialmente substituído em 1985 pelo Porsche 962, e era uma evolução do design do 956.

Em competição

O 956 fez sua estreia na corrida de 6 Horas de Silverstone, na segunda prova do Campeonato Mundial de Marcas, tendo como pilotos de fábrica, Jacky Ickx e Derek Bell. Na prova seguinte a Porsche não conseguiu participar nessa corrida (os 1000km de Nürburgring) por razões de desenvolvimento. A dupla de pilotos Ickx/Bell só reapareceu nas 24 Horas de Le Mans.

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Essa dupla demonstrou da melhor maneira as suas qualidades e conseguiram a vitória à geral na famosa prova, o que acabaria por ser a terceira vitória juntos. Ambos já tinham conseguido vencer esta prova em 1981, mas desta feita ao volante de um Porsche 936, que curiosamente tinha usado uma versão inicial do motor do 956. Os outros dois 956 de fábrica ocuparam os restantes lugares do pódio conseguindo assim o pleno.

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Impulsionados pelo sucesso, a Porsche vendeu versões do 956 a clientes, para equipas privadas como a Joest Racing, Obermaier Racing, John Fitzpatrick Racing, Richard Lloyd Racing, Kremer Racing e a Brun Motorsport que corriam de forma independente.

O recorde da volta mais rápida obtida no exigente circuito Nürburgring Nordschleife, foi alcançada durante uma sessão de qualificação em 1983, nos 1000 km de Nürburgring, por Stefan Bellof, que ao volante do seu 956 precisou de apenas 6 minutos 11,13 segundos para completar o circuito, com uma uma velocidade média de 202 km/h. Ainda hoje nenhum automóvel conseguiu bater esse tempo.

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Infelizmente algo muito trágico estava reservado para Bellof, quando em 1985 nos 1000 km de Spa, Bellof morreu depois de colidir com o (o novíssimo) Porsche 962 de Jacky Ickx. As preocupações sobre a segurança do 956 levaram ao fim do modelo, com as restantes equipas a fazerem o respectivo upgrade para o mais seguro 962. A última vitória do 956 aconteceu em 1986 na última prova do campeonato desse ano, o que acabaria também por ser a última corrida efectuada pelo carismático 956.

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Este bólide de competição foi um dos Porsche que alcançou mais sucesso em pista e permitiu a marca ganhar notoriedade a nível mundial. Um automóvel inovador, potente e muito capaz dinamicamente, que deu o mote para outros carros de competição para o eterno Grupo C, e que bateu inúmeros recordes. Vamos analisar os principais modelos desta competição e as suas conquistas em futuros artigos.

Sérgio Gonçalves

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