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Primeiro motor multiválvulas da Opel surgiu há 100 anos

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Numa altura em que a Opel inaugura uma fase de profunda renovação da gama de motores, com os novos 1.6 CDTI (turbodiesel), 1.6 Turbo (gasolina) e 1.0 Turbo de três cilindros (gasolina), a marca alemã está a assinalar a passagem do centenário sobre a produção do primeiro motor multiválvulas. Na verdade, os novos motores são os mais recentes membros de uma longa linhagem de propulsores Opel com tecnologia de quatro válvulas por cilindro.

Em 1913, a Opel desenvolveu uma nova geração de automóveis de competição para o Grande Prémio de França, um percursor da atual Fórmula 1. Foram contruídas três unidades, cada uma dentro do rigoroso limite de apenas 1000 kg de peso. Apesar do ‘design’ apelativo deste tipo de automóveis, o grande destaque estava sob o capô, onde se estreava um inovador motor de quatro válvulas por cilindro.

Com cárter de alumínio e um único veio de excêntricos à cabeça, este motor de 4500 cc de cilindrada e 110 cv de potência apresentava, em cada cilindro, duas válvulas de admissão e duas válvulas de escape, tornando-se no primeiro propulsor ‘4 válvulas’ da Opel.

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Um ‘monstro’ com 12.300 centímetros cúbicos

No ano seguinte a marca foi mais longe e concebeu aquele que viria a ficar na História como o ‘Das Grüne Monster‘, o ‘Monstro Verde’. Foi o maior motor que a Opel alguma vez produziu, com 12.300 cc, e equipou o Opel Rennwagen de 1914. Este 12.3 tinha quatro válvulas por cilindro e debitava a elevadíssima potência de 260 cv, sendo capaz de levar o Rennwagen de 2000 kg de peso a atingir 228 km/h.

O piloto oficial da Opel à época, Carl Joerns, alcançou muitas das vitórias do seu extenso palmarés ao volante deste magnífico automóvel, destacando-se as provas de velocidade na ilha de Fano, na Dinamarca.

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As ‘4 válvulas’ passaram de moda nos anos 20. E só voltariam a aparecer no final da década de 50, na competição de pista. Mas foi mais tarde, graças à experiência nos ralis, que a Opel passou esta tecnologia aos automóveis de produção em série.

Anos 80: dos ralis para a estrada

Em 1979, a Opel escolheu o modelo Ascona para competir em Grupo 4, a classe de topo dos ralis da altura, e precisou de produzir unidades de estrada. Nascia o Opel Ascona 400 que viria a dar o título de campeão do mundo a Walter Röhrl em 1982. O modelo de ralis possuía um novo motor de 2,4 litros com potência de 240 cv, evoluído sobre a base de 140 cv do 2.4 16V da versão de série. Este motor de 140 cv conseguia levar o Ascona até aos 200 km/h e a acelerar de 0-100 km/h em apenas 7,6 segundos.

Nos anos 80, as ‘4 válvulas’ ganham expressão. Os maiores fabricantes viam nesta tecnologia uma forma de ganhar potência, mas também de reduzir consumos e emissões. Quando a Opel lançou o lendário Kadett GSi 16V, em 1988, este primeiro modelo de volume da marca com motor de quatro válvulas por cilindro rapidamente ganhou estatuto de ícone. Um dos destaques do propulsor de elevadas ‘performances’ desenhado por Fritz Indra era a cabeça de cilindros construída em alumínio, desenvolvida em parceria com a Cosworth, o reputado preparador britânico de automóveis de competição.

O 2.0 16V debitava 150 cv de potência e 196 Nm de binário às 4800 rpm. O que tornava este motor excecional era o facto de 90 por cento do binário estar disponível numa larga faixa de rotações, entre as 3100 e as 6000 rpm. Com um consumo específico de 232 g/kWh, equivalente a um grau de eficiência de 37 por cento, o propulsor da Opel manteve-se durante anos como a referência em consumo específico para motores de quatro cilindros.

O 2.0 16V tornou-se também no motor vencedor em disciplinas da competição automóvel, nomeadamente na Fórmula 3. Desde o final dos anos 90 até meio da década de 2000, numa fase que produziu inúmeras estrelas do automobilismo, vários foram os pilotos que venceram com este motor, desde Michael Schumacher a Jarno Trulli, incluindo o português Pedro Lamy. Na disputadíssima Fórmula 3, com motores desenvolvidos com apoio de fábricas como Alfa Romeo, Fiat, Mercedes-Benz, Toyota e VW, a Opel alcançou um total de 164 vitórias, só na Alemanha, e outros 30 títulos de campeonatos desta categoria em todo o mundo.

3.0 24V e 3.6 24V BiTurbo

E, assim, a Opel encontrou os argumentos certos para alargar a tecnologia de 4 válvulas por cilindro à restante gama de motores. Em 1989, a marca utilizou 24 válvulas no suavíssimo 3.0 de seis cilindros em linha destinado aos topos de gama Omega e Senator. Graças ao sistema de alimentação Dual Ram, este propulsor ficou conhecido pela entrega de elevada potência a baixas rotações. Com 90 por cento dos 270 Nm de binário disponíveis entre as 3000 e as 5800 rpm, o Omega 3000 24V conseguia acelerar de zero a 100 km/h em 7,6 segundos.

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O notável 3.0 24V também serviu de base para criar o Omega mais potente de sempre – o Lotus Omega. A cilindrada aumentada para 3,6 litros e a inclusão de dois turbocompressores elevaram a potência para 377 cv, colocando este Omega especial entre as três berlinas mais rápidas do mundo.

Estreia do 2.0 16V Turbo no coupé Calibra

O 2.0 16V do Kadett GSi foi a base para o desenvolvimento do primeiro motor Turbo a gasolina da Opel. A estreia ocorreu no Salão de Frankfurt de 1991, no coupé Calibra Turbo 4×4. Com 204 cv de potência, o 2.0 16V Turbo destacava-se pelo elevado binário de 280 Nm obtido a apenas 2400 rpm. Este desempenho notável era possível pelo facto de a turbina estar integrada no coletor de escape – uma tecnologia de que a Opel foi precursora e que a marca continua a utilizar. Para além de maior rapidez a atingir pressão de sobrealimentação, as baixas perdas de calor aumentavam significativamente a eficiência do turbocompressor.

Apesar de debitar binário e potência superiores à versão ‘atmosférica’, em 42 e 36 por cento, respetivamente, o consumo médio de ambos os motores era muito semelhante: 8,9 l/100 km para o Turbo e 8,7 l/100 km para o 2.0 16V. Esta linha seguida pela Opel, de elevadas ‘performances’ e eficiência, iniciou-se em 1988 e perdura até aos dias de hoje. Dos melhores exemplos disso são os novos motores turbodiesel 1.6 CDTI (136 cv) e 1.6 Turbo com injeção direta de gasolina (170 cv e 200 cv).

ECOTEC DI 16V: os primeiros turbodiesel com quatro válvulas por cilindro

A reputação da Opel na criação de motores multiválvulas inovadores atingiu novo auge em 1996 quando a marca se tornou no primeiro fabricante a oferecer motores turbodiesel de injeção direta com quatro válvulas por cilindro. Os ECOTEC DI 16V debitavam elevado binário a baixas rotações e mantinham consumos e emissões em níveis muito baixos. Os níveis de potência destes 2.0 e 2.2 iam de 82 cv e 100 cv, até 120 cv. O mecanismo de distribuição, patenteado pela Opel, era operado por um único veio de excêntricos.

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O novíssimo turbodiesel 1.6 CDTI de 136 cv, que estreou há poucos meses no monovolume Opel Zafira Tourer e vai passar a equipar o modelo Opel Astra já no início de 2014, tem bloco e cabeça em alumínio e possui, naturalmente, quatro válvulas por cilindro. Com controlo de alimentação em círculo fechado, este propulsor é um dos primeiros Diesel no mercado a cumprir a futura norma de emissões Euro 6, destacando-se pela elevada capacidade de desempenho e por ser extremamente económico e silencioso.

A Opel vai dar continuidade a uma intensa renovação de gama de produtos, que englobará novos motores dotados da mais recente tecnologia. Até 2016, o fabricante de Rüsselsheim vai renovar nada menos que 80 por cento da sua oferta de motores.

Rui Augusto
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