Já muito se falou e elogiou sobre esta máquina japonesa. Ensaiado em pista no dia da sua apresentação nacional pelo Autoblog.pt e recentemente elegido como o melhor automóvel de 2012 tanto por nós como pela restante imprensa automóvel mundial, foi-nos proporcionado a oportunidade de voltar a ensaiar o fantástico GT86 e obviamente que nós não poderíamos recusar. Desta vez o pequeno teste foi efectuado em estrada e em cidade para tentar perceber se as qualidades já evidenciadas em pista se evidenciam também num ambiente mais quotidiano e estradista.
A unidade ensaiada tinha uma cor muito apelativa, que dava um novo contraste a estética do desportivo japonês, muito do agrado de quem o viu (e meu incluído). Abrindo a porta e sentado na backet facilmente se consegue encontrar a posição de condução desejada. E essa é a primeira das muitas qualidades deste modelo, pois esta característica é provavelmente das melhores posições de condução que existe. O volante tem boa pega, o tablier encontra-se numa posição baixa e os pedais encontram-se devidamente espaçados entre si, o que facilita e muito a prática do ponta-tacão.
Colocando o motor em funcionamento, depressa nos apercebemos que o GT86 é um carro bastante dócil, não emite nenhum barulho estridente, apenas um ligeiro ronronar. Coloca-se a 1ª e salta logo à vista outra enorme qualidade deste modelo. A caixa de 6 velocidades é outro órgão “perfeito”, curta, muito intuitiva e com um barulho mecânico entre as engrenagens. Trocar de caixa é um prazer, e damos por nós a “escolher” mudanças só para obter essa sensação.
A direcção é leve em cidade, o conforto é outra nota (positiva) dominante no trajecto efectuado. Mesmo sendo um desportivo, o acerto da suspensão não prejudica em demasia o conforto. No ambiente urbano tudo se faz com um grande à vontade e sem dificuldades de maior, até porque o GT86 é um automóvel relativamente pequeno e fácil de manobrar.
Mas é fora do ambiente urbano que melhor se pode aproveitar as qualidades deste desportivo japonês. O motor “acorda” para lá das 4500 rotações por minuto, e a partir daí emana um som mais desportivo e poderoso, típico de motores com a configuração Boxer. Há quem arrisque criticar a mecânica pela sua suposta falta de potência, porém eu sou um dos que acha que a potência e o carácter rotativo do motor é mais do que suficiente para muita diversão, sem comprometer os normais padrões de um desportivo.
A configuração de cilindros opostos deste motor potencia um centro de gravidade mais baixo, o que ajuda e muito no comportamento dinâmico. E numa estrada nacional é possível usar toda a potência deste motor sem que fiquemos com a sensação de que nos falta mais cavalos. Aliás este modelo quer é curvas, e para isso os 200 cavalos chegam e sobra para sair de qualquer curva com a potência e progressão necessária, e também para efectuar qualquer ultrapassagem em segurança.
É difícil não continuar a elogiar este Toyota, é tão diferente dos restantes modelos da marca, tão apetecível, comunicativo e com um imenso carácter de outros tempos (tempos áureos do AE86 por ex.) da marca.
Numa estrada com curvas de vários tipos, com desníveis e pequenas rectas foi possível testar as inúmeras qualidades do chassis e dos restantes componentes. Insere-se em curva com uma precisão desconcertante, a direcção é brilhante pois é muito comunicativa e precisa.
O carro corresponde aos nossos inputs como se tivesse ligado ao nosso cérebro. Sem vestígio algum de subviragem, é possível ultrapassar alguns limites e o que se encontra para lá deles é uma sobreviragem à saída das curvas, o que torna tudo ainda mais entusiasmante. O chassi é tão neutro e positivo que pudemos ordenar o que quisermos, que nunca apanharemos um susto ou comportamento indesejado. Nota no capítulo dinâmico para a existência de um autoblocante que trabalha muito eficazmente para colocar a potência no chão da melhor forma possível.
Ficamos rendidos e damos por nós a guiar como se fossemos um qualquer piloto, tal é a confiança que o GT86 nos transmite. Ainda assim se quiser tem sempre a hipótese de ligar o controlo de estabilidade, que não é dos mais intrusivos, permite até ligeiras sobreviragens antes de entrar em acção para proteger os seus ocupantes de um possível despiste.
Claro que numa condução mais empenhada os travões são peças importantes para abrandar em segurança. E nesse capítulo o GT86 encontra-se bem equipado, pois não só cumprem na perfeição a sua função, como são bastante modulares no seu funcionamento e muito progressivos. O nível de força que lhe apliquemos é a resposta em termos de potência de travagem que iremos sentir. A dinâmica é impossível de criticar neste desportivo, é capaz de por a sorrir qualquer pessoa que o conduza.
Os consumos mesmo numa condução mais desportiva são bastante razoáveis, na casa dos 10 litros aos 100km.
E talvez nesta altura será necessário falar dos aspectos menos positivos? Não existem muitos, e prendem-se com aspectos práticos. Será por isso importante perceber se o GT86 é tipo de automóvel desportivo indicado para quem se preocupa com os seguintes aspectos.
O espaço atrás para passageiros é reduzido, assim como a bagageira em termos de capacidade. O interior pode não ter uma qualidade “germânica” em termos de materiais mas é muito sólido e bem construído. Porém o pior defeito é mesmo o preço, muito por culpa da fiscalidade do nosso país, algo que a marca é alheia. Ainda assim os aspectos menos bons, à excepção do preço, não deverão ser uma razão para não adquirir um dos melhores automóveis produzidos nos dias de hoje.
Em resumo é um automóvel brilhante, dinamicamente não há nada no mercado que seja capaz de rivalizar com o GT86 na sua fasquia de preço. Muitos automóveis desportivos mais caros não conseguem acompanhar o dinamismo e a capacidade de interacção do desportivo japonês.
É uma máquina que o deixará sempre com um sorriso na cara, cada vez que escolher uma estrada sinuosa, um trackday ou uma viagem com tudo isso à mistura. É uma lufada de ar fresco de uma marca que já há alguns anos tinha excluído as palavras “desportivo” e “divertimento” das suas gamas.
E podemos hoje regozijar-nos com o facto de a Toyota estar novamente a produzir automóveis entusiasmantes e carregados de carácter. Há quem arrisque mesmo a dizer que este GT86 é por si já, um futuro clássico, fruto do seu ADN e respectivo pedigree da marca.
E a marca já tem na calha um GT86 mais potente (fala-se em 280 cavalos +/-), que já se encontra em testes no “inferno verde”, também conhecido como Nürburgring Nordschleife.
Uma vez mais um especial agradecimento ao Stand de vendas Caetano Auto (Litoral/Ribatejo) em Tomar e ao técnico de vendas Jorge Graça pela disponibilidade para este teste.
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