Muitos foram os portugueses (no qual eu me identifico) que nasceram na no início dos anos 80 e que cresceram na década de 90 fazendo do seu principal meio de transporte, um veículo de duas rodas.
Em especial para ir para a escola, naquela fase dos 16 anos, onde muitos tiravam licença camarária para puder legalmente usufruir do mundo das motorizadas.
Era comum ver à porta das escolas secundárias, inúmeras, num cenário que hoje não se repete da mesma forma nem no mesmo volume.
A evolução natural no mundo das motos, contando a experiência adquirida em cada categoria, era naquele tempo (para quem não saltava “etapas”) a seguinte:
Começar numa “cinquentinha” (50cc), passar para uma 125cc aos 18 ou posterior, depois o sonho era eventualmente a classe acima, entre as 500/600cc. Por fim para quem ganhava o gosto deste mundo incrível, a classe das 900/1000cc etc.
Sempre com a natural progressão da época entre os motores de dois tempos e os motores a 4 tempos. Algo que hoje já praticamente não existe devido ás normas antipoluição que levaram os fabricantes à abandonar a produção e desenvolvimento deste tipo de motores.
E quais eram as motos mais frequentes de ver nas nossas estradas e cidades durante os primeiros anos da década de 90 e que marcaram o meu gosto pessoal?
Comecemos então pela “raínha” das motorizadas com mudanças manuais, a mítica Yamaha DT 50 (LC).
A sua estética, a sua robustez, a facilidade/polivalência, fiabilidade e performance fizeram desta motorizada um sucesso que ainda hoje é reconhecido um pouco por todo o lado.
Fosse a versão refrigerada a ar ou a mais moderna LC com refrigeração líquida, foram sem dúvida as que mais sucesso comercial conheceram nesta categoria.
Havia, contudo, quem preferisse uma “scooter” de mudanças automáticas com a vantagem em relação ás motorizadas por dispor de espaço de arrumação e nos dias invernosos ser mais cómoda.
E novamente teremos que falar do construtor nipónico Yamaha, que nesta década imperava entre as principais escolhas.
Desde a Yamaha Target até as polivalentes Yamaha BWS, estas eram sem sombra de dúvida as que mais adeptos tinham. A sua rapidez, fiabilidade e potencial para mais uns “toques” ainda hoje são uma escolha a ter em conta no mercado de motos clássicas.
Facilmente tornaram-se as escolhas de muitos jovens que viam as mesmas qualidades acima descritas em relação à DT50.
Uma das vantagens destas escolhas e da fama que conquistaram estas “cinquentinhas” era a quantidade de material (acessível) para melhorar o desempenho da unidade motriz ou simplesmente para personalizar esteticamente ao gosto de cada um.
Feito o natural período de habituação, aos 18 anos ou menos já se começava a pensar em mais potência e performance para outro tipo de aventuras como viagens mais longas e cómodas sempre com a economia em pensamento.
Um automóvel ainda era uma ideia “cara” naquele tempo e nem todos os jovens naquela faixa etária pensavam nessa alternativa.
Nas 125 trail o grande sucesso entre a “malta” foi sem sombra de dúvidas a Yamaha DTR 125 que basicamente dobrava a potência da irmã mais nova e chegava aos 14 cavalos.
Com uma caixa manual de 6 velocidades o conforto e performance em estrada era muito superior como é evidente.
Quem gostava de mais velocidade e dispensava o conceito “trail” optava por uma moto carenada.
Nesse segmento as mais famosas eram motos como a Aprila RS125 Extrema, a Honda NSR125 ou a Cagiva Mito.
Com motores de 30 cavalos ou mais praticamente, eram já consideradas as motos para ganhar a experiência necessária num par de anos para a classe das 600.
Performances incríveis para o reduzido tamanho do motor, agilidade máxima, travagem a conduzir e claro aquela sensação que se “pilotava” uma moto parecida às do Campeonato de Moto GP.
Quem ficava com o “bixinho” das motos nesta fase, mesmo que adquirisse uma viatura, não iria mais largar as duas rodas.
A natural evolução para quem tinha algum juízo, era sem dúvida as 600cc.
Aí a CBR600F deu poucas hipóteses à concorrência durante anos, pois era esteticamente bonita, confortável, desportiva q.b., performances de topo, consumos aceitáveis, condução suave sem intimidar até os mais inexperientes e uma fiabilidade difícil de igualar.
A CBR600F (F3) tinha um motor de 600cc que debitava 105 cavalos de potência, algo que a permitia alcançar sem esforço os 250 km/h.
As naked de média cilindrada da época eram uma boa alternativa, e motos como a Suzuki Bandit 600, Honda CB500 ou a mais dispendiosa Ducati Monster era sem dúvida as escolhas mais apetecíveis.
Para os mais experientes, escolher uma “super moto” era imperativo, e modelos como a Honda CBR 900RR, Yamaha FZR1000, Suzuki GSXR 1100 e Kawasaki ZX9R fazia as delicias dos condutores mais vocacionados para as performances.
Nesta categoria a Honda CBR 900RR era a moto que muitos ambicionavam, pela sua estética agressiva, pela potência do motor e pela dinâmica que deixava entusiasmado qualquer um que a pilotasse.
No entanto para quem pensava em prestações puras, como a velocidade de ponta, a Kawasaki ZZR1400 foi a rainha dos primeiros anos da década, sendo mesmo a moto mais rápida do mundo até aparecer outros modelos não menos famosos.
Esta última com o seu motor de 1,1 litros, 147 cavalos e 110 Nm, uma aerodinâmica cuidada, permitiam alcançar os 290 km/h de velocidade máxima.
Bem sei que poderiam estar outras motos nesta lista, porém estas foram as que mais marcaram o meu trajecto e paixão pelo mundo das duas rodas durante a adolescência e que se prolongou pela idade adulta.
As motos de hoje são bem diferentes, mais eficientes em todas as áreas, menos poluentes e muito mais seguras, porém existe sempre aquele gosto especial pelas motos que hoje já consideramos como “clássicas”.
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