Nos princípios dos anos 70, a Lamborghini criou o Contach, que para muitos é ainda o modelo mais espectacular da história da marca italiana. Em Junho de 1985, a empresa Automobili Lamborghini decidiu que era hora de começar a pensar num substituto para o seu lendário Countach, o que levou a equipa de desenvolvimento da Lamborghini, qualquer coisa como cinco anos para completar o novo supercarro, o Diablo.
O Diablo foi apresentado ao público no dia 21 de Janeiro de 1990, no Hotel de Paris em Monte Carlo, durante o segundo o evento Lamborghini Day (o primeiro destes eventos, foi realizado quando o Anniversario foi apresentado em 1988), depois de cinco anos de desenvolvimento e cerca de 6.000 milhões de Liras gastas no projecto.
O nome ‘Diablo’ foi escolhido em referência a um touro feroz, criado pelo Duque de Veragua no século 19, que travou uma batalha épica com “EL Chicorro” em Madrid, no dia 11 de Julho de 1869. Este animal tornou-se lendário, a sua bem conhecida história, e o seu nome era suficientemente agressivo para ser usado por um Lamborghini.
A especificação principal exigida para o Diablo era simples: a sua velocidade máxima tinha que ser pelo menos 315 km/h. Então o trabalho começou no desenvolvimento do sucessor do Countach. Para o projecto da carroçaria deste Lamborghini, foi escolhido Marcello Gandini, que também já tinha desenhado o Miura e o Countach. Ele era obviamente a pessoa mais indicada para projectar e desenhar o novo Lamborghini. Mas o seu projecto inicial foi alterado, primeiro sob os seus próprios caminhos e depois mais tarde, pelo Centro de Estilo da Chrysler em Detroit, que entretanto tinha tomado os comandos da Lamborghini.
A Chrysler era proprietária da Automobili Lamborghini desde 1987, e chegou bem a meio do desenvolvimento do projecto 132. Eles mudaram o projecto para algo mais humano, mais prático, mas também menos “violento” e menos agressivo. No entanto, as linhas gerais ainda estavam perto o suficiente para manter Marcello Gandini como o responsável máximo do design deste carro.
O Diablo ainda era um Lamborghini de verdade, baixo, largo e extremamente rápido, a sua velocidade máxima era de 325 km/h. Mas na pista de testes Nardo em Itália, Sandro Munari chegou mesmo a atingir os 340 km/h. Para atingir estas velocidades, o Diablo recebeu uma versão modificada do motor V12, ainda com quatro válvulas por cilindro, mas agora com uma capacidade de 5.7 litros e um sistema de injecção de combustível multiponto. A Lamborghini desenvolveu este sistema electrónico, com a ajuda da Weber e da Marelli. O motor produzia depois dessas alterações uns saudáveis 492 cavalos de potência máxima, colocando novamente este novo Lamborghini no topo do mercado de superdesportivos (se não contarmos com a edição limitada do Bugatti EB 110 e do Jaguar XJ-220).
O desenho da carroçaria já não “sofria” das enormes entradas de ar da retaguarda como no Countach. No Diablo estas entradas de ar, foram perfeitamente incorporada nas linhas da carroçaria, e o fornecimento de ar para os radiadores, foi colocado na parte traseira do automóvel.
Um pára-choques traseiro com spoiler integrado mantinha o compartimento do motor frio retirando dessa forma o ar quente, enquanto uma grande asa traseira ainda podia ser encomendada, como uma opção, com um preço de 4500 dólares. Uma entrada de ar em cada lado na frente das rodas traseiras arrefecia os travões de disco traseiros, enquanto que no spoiler frontal, ao lado dos piscas, entradas de ar extra, foram montadas para arrefecer os enormes discos dianteiros.
Estes discos encontravam-se cobertos com enormes jantes de 17 polegadas, equipadas com pneus Pirelli P Zero. As jantes tinham um novo desenho que se assemelhavam com as jantes do primeiro Countach LP400 S, porém eram jantes OZ em liga de alumínio.
AS jantes constituem um elemento visual importante e característico deste modelo, porque contrariando a tradição da marca, estas não foram desenhadas por Campagnolo, mas pela OZ Racing. As jantes, compostas por 3 peças de alumínio, caracterizam-se por 5 aberturas circulares. As jantes escondem 4 discos ventilados de 330mm no eixo traseiro e 285mm no eixo frontal, dotados de pinças de 6 pistons. Os pneus eram os Pirelli P Zero de 17 polegadas, suficientemente largos principalmente no eixo traseiro, com 335mm de largura. Na frente a largura era de 245mm.
No modelo Diablo, usou-se muito materiais compósitos (em grande medida o alumínio), uma liga de alta resistência de alumínio, foi utilizada para a “célula” dos ocupantes, enquanto que na parte dianteira e traseira foi utilizada uma liga com menor resistência. A carroçaria em alumínio do Diablo era extensamente feita com este material, incluindo as secções da dianteira e traseira, assim como foi a cobertura do motor e da tampa frontal. No entanto, todos os painéis exteriores ofereciam uma melhoria da qualidade da sua superfície, para permitir um excelente acabamento e respectiva pintura.
No Diablo já não havia alargamentos avantajados sobre os guarda-lamas, no entanto em dimensões foi tão grande como o Countach, com um pouco mais de 2 metros de largura, o estacionamento obviamente ainda era difícil, e as suas famosas portas ainda se abriam da mesma forma como no Countach, ou seja para cima e para a frente. Estas portas agora tinham janelas laterais numa única peça, e os vidros vinham até baixo, e trabalhavam de forma eléctrica ao contrário do Countach.
A visibilidade lateral era, portanto, muito melhor do que no Countach, também porque a parte da frente da porta, com a possibilidade de poder baixar totalmente o vidro, permitia uma melhor visualização dos espelhos retrovisores exteriores. No Diablo, até se conseguia ver pelo espelho retrovisor interior alguma coisa, porque a tampa do motor não estava a bloquear a vista, nesta primeira versão do Diablo.
O interior também foi completamente redesenhado, desta vez pelo centro de design da Chrysler (Design Chrysler Center), em Detroit. Os bancos eram totalmente ajustáveis, e poderiam ser pedidos conforme o tamanho desejado para o cliente. O painel de instrumentos era um grande bloco na frente do condutor, mas não bloqueavam a visão, e podiam ser ajustados em altura, juntamente com o volante, que também pode ser ajustado em alcance.
Dentro do Diablo pode-se encontrar o melhor couro italiano costurado à mão, para além disso o interior estava equipado com um sistema de som da Alpine, com a possibilidade de escolha entre um leitor de cassetes e um leitor de CD. Como opção disponível poderia ainda ser pedido uma caixa de Cds, juntamente com um sistema de subwoofer. A entrada para o interior era muito mais fácil do que no Countach, a porta abria-se mais e o condutor poderia sentar-se primeiro na longarina e depois fazer deslizar o corpo para o banco sem bater no tecto ou na porta.
As opções de fábrica poderiam incluir a asa traseira, mas também um conjunto de malas de viagem por 2.600 dólares, e para o interior, um exclusivo relógio da Breguet que poderia ser instalado por 10.500 dólares.
Os primeiros proprietários começaram a receber os seus Lamborghini Diablo no final de Junho de 1990, exactamente cinco anos após o início do projecto. E o Diablo vendeu bem, foi um verdadeiro sucesso comercial, como pode ser comprovado em inúmeros relatórios de teste em todo o mundo, sempre com grande sucesso.
Obviamente nem tudo era perfeito e existiam pontos no Diablo menos conseguidos, a direcção e a acção da embraiagem eram ambas extramente pesadas, dois problemas que estiveram sempre presentes naquele período na Lamborghini.
Depois nos anos seguintes surgiram outras versões do Diablo, com outros níveis de potência e com os problemas da primeira geração resolvidos ou pelo menos atenuados. Noutro artigo irei detalhar com mais pormenores essas versões.
O Diablo ainda hoje é um automóvel com umas linhas fantásticas, com um carisma e potência dignos de muitos posters que foram vendidos na década de 90 que ocuparam tantas paredes nas casas de jovens adolescentes. Foi uma boa passagem de testemunho em relação ao também fantástico Lamborghini Countach. Esta versão acabaria por se impor como o Lamborghini dos anos 90.
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