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Nissan Silvia 240RS

Outro automóvel praticamente desconhecido do saudoso Grupo B do Mundial de Ralis foi este Nissan Silvia 240RS. Sem ter conseguido obter resultados de grande relevo, não é por essa razão que deixa de ser interessante o esforço que a marca japonesa fez para o tornar competitivo. Mais do que isso, é o facto de o 240RS ser um automóvel histórico e carismático só por ter participado numa era de ouro dos Ralis e em especial pela participação no famoso Grupo B.

O Nissan Silvia na versão 240RS do grupo B tinha um design extremamente rectilíneo e fora do comum, bastante atípico para os japoneses. Este automóvel foi um projecto tão “quadrado” que isso até se fez reflectir na precisão das duas dimensões sendo todos os números bastante exactos e redondos, ou seja, o carro tinha exactamente 4.300 milímetros de comprimento e 1,800 milímetros de largura. Era por tudo isto que este Nissan era um estranho regalo aos olhos de quem o viu. Não só pela sua beleza e design contemporâneo como pelo facto de ter sido, provavelmente o melhor carro de rali em termos de desempenho já criado pela Datsun/Nissan. E foi o automóvel escolhido pela marca para a homologação Grupo B.

Não era propriamente um “verdadeiro” automóvel de Grupo B, e não possuía nenhum truque superlativo em relação à concorrência. Era um carro muito simples, sem tracção às 4 rodas e sem turbo.

Você poderá pensar que era um automóvel convencional e pouco interessante, que era um automóvel sem qualidades, que era da mesma categoria de outros bólides como o Ford Escort RS, o Fiat 131 ou até o Opel Ascona 400 mas isso não é bem verdade.

Era um automóvel convencional tudo bem, apenas com tracção traseira, e que até possuía um motor 2.4, como o Ascona 400. E, portanto, com a estreia em 1983, o carro deveria ter sido esquecido no tempo como se fosse uma peça obsoleta.
E provavelmente até foi, mas enquanto muitos adversários acreditavam no sucesso da tracção às 4 rodas, em especial a Audi, para vencer em todas as condições e terrenos como no Safari, a Nissan acreditava noutro cenário, e estava em total desacordo com essa ideia.

O Rali Safari foi sempre o evento onde existiu uma forte confiança da Nissan num bom resultado, e onde o Silvia 240RS tinha a perspectiva de assumir o lugar de sucesso que outrora pertenceu ao Datsun 160J Violet. Para isso, a Nissan tinha uma receita para vencer no continente africano. O automóvel tinha que ser simples e robusto sem necessidade de recorrer à tracção às 4 rodas. E de facto durante o período, e era do grupo B, nunca um carro 4×4 ganhou o Rali Safari, a Nissan realmente tinha alguma lógica nos seus argumentos, mas…

…para o 240RS ter sido o carro de rali mais competitivo da Datsun/Nissan tinha que ter obtido melhores resultados do que realmente se veio a verificar. Sendo o Rali Safari a grande prioridade da Nissan, pode surpreender que Timo Salonen tenha alcançado um excelente 2 º lugar no Rali da Nova Zelândia em 1983, um resultado que nem o Nissan Sunny GTI-R (4×4) poderia sequer sonhar, nem nas suas fantasias mais loucas.

Outra surpresa semelhante foi quando o piloto Tony Pond chegou mesmo a ocupar o 3º lugar no rali de asfalto Tour de Corse em 1983, porém vários problemas menores surgiram no seu 240RS e acabaria por eventualmente cair para o sexto lugar, o que não deixa de ser, apesar de tudo, notável.

O 240RS foi elegantemente competitivo para o que foi projectado, não deve haver nenhuma dúvida sobre isso, mas, apesar de seu design simples, o carro teve inúmeros problemas de fiabilidade. Ou, para colocar isso numa perspectiva clara e objectiva, o 240RS só tinha um único problema.

Por alguma razão (desconhecida) o motor de 2.4 Litros de capacidade destruía árvores de cames como se fosse uma coisa natural. A Nissan nunca conseguiu resolver este problema. Um dos muitos exemplos dessa situação, aconteceu no Safari de 1983. Enquanto Shekhar Mehta e Mike Kirkland tiveram que abandonar o rali mais cedo, por culpa das árvores de cames que se tinham partido. Timo Salonen foi líder por quase 2 horas, só para depois sofrer o mesmo problema na última secção, para entregar de bandeja a vitória ao Opel de Ari Vatanen.

Ainda assim, o Nissan Silvia 240RS foi um dos últimos carros extremamente convencionais e, apesar da homologação grupo B, era bastante simples, bastante barato, com padrões de tecnologia decente, e com um motor de 2,4 litros com 275 cavalos de potência mais poderoso do que a maioria das opções comparáveis. Os privados adoravam-no e não se espante ao encontrar um ocasionalmente, a participar (ainda) em ralis nacionais de clássicos por exemplo.

Sérgio Gonçalves

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