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Porsche 911 Carrera – O carismático 2.7

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O Porsche 911 é um automóvel com várias gerações e com uma história escrita em várias décadas, cada uma com as suas particularidades e características. Contudo há aqueles modelos que se sobressaem mais do que outros, por razões distintas. Talvez um desses modelos seja o 911 2.7 nas suas variadíssimas versões. Actualmente são muitos os coleccionadores de automóveis que tentam adquirir os modelos 911 desta geração, porque se tornaram automóveis valiosos, em especial os modelos S e os RS.

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Mas a história deste modelo começa quando estava a decorrer o ano de 1973, e o 911 fazia já 10 anos de aniversário, desde que o modelo foi introduzido pela primeira vez. E nessa altura o espírito do 911 estava tão vivo como nunca. Esse ano trouxe algumas inovações importantes, como os característicos pára-choques, a asa traseira que cobria a tampa do motor, intitulada de ”Ducktail” pela sua forma e também porque trazia uma carroçaria totalmente galvanizada.
Durante esse mesmo ano, um dos modelos mais influentes na história do 911 foi introduzido, falamos como é claro do exclusivo Carrera RS. Embora em 1973 a letra ‘E’, ‘T’ e ‘S’ tivessem associados a um motor 2.4, o RS tinha um motor trabalhado, para fazer 2681cm3 de cilindrada com 210 cavalos de potência. As performances eram notáveis para a época, obviamente que o baixo peso era determinante. O 2.7 RS cumpria o tradicional arranque de 0 a 100km/h em apenas 6,3s e atingia uma velocidade máxima de 240km/h. Um ano mais tarde, os novos modelos passaram a estar equipados com uma versão “desvitaminada” do motor 2.7.

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Em 1973, a Porsche revelou a intenção de entrar na competição de GT. Para o efeito, o 911 Carrera RS foi concebido como um automóvel de competição. Para homologar o carro para o Grupo 4 da classe GT, a Porsche planeou vender 500 unidades, porque as regras exigiam a construção de um mínimo de 500 automóveis para se poder competir. O preço não foi demasiado alto a fim de puder garantir que seriam todos vendidos. E de facto a Porsche nem se precisava de preocupar muito com o preço, pois o RS foi um grande sucesso comercial. Cerca de 1636 unidades no total foram produzidas.

Com isso, o RS foi reclassificado como pertencente ao Grupo 3 de produção na série GT, para o qual foi necessário que pelo menos 1.000 unidades fossem construídas. Como era uma homologação especial o RS era muito mais leve que os seus “irmãos” pois pesava menos de 1000 kg, cerca de 150 kg mais leve do que ‘S’ por exemplo. Os primeiros 911 foram todos construídos com aço mais fino, porém como a Porsche não esperava que o RS tivesse tanto sucesso comercial, a produção não foi toda igual, de modo que, os últimos 300 carros tiveram que ser construídos usando peças com o peso normal na carroçaria ao contrário do aço mais leve usado nas primeiras unidades.

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No que diz respeito ao chassi, tudo foi actualizado, e o RS recebeu amortecedores a gás da Bilstein, barras estabilizadoras mais rígidas, e jantes em alumínio com medidas mais largas no eixo traseiro em relação a um 911 S. Desta forma os 2.7 RS eram inconfundíveis aos olhos de todos. A maioria das carroçarias foram pintadas na cor branca, e os designers também colocaram o nome Carrera em várias cores disponíveis (em azul, vermelho, preto ou verde) ao longo das portas. Os guarda-lamas traseiros foram alargados para acomodar as rodas mais avantajadas, que também usavam o logo Carrera no centro das jantes, na mesma cor das faixas.

Mas talvez a característica mais proeminente do RS foi um spoiler traseiro avantajado, moldado na tampa do motor. Como já referido, ficou com a alcunha de “ducktail”, e matinha a traseira firmemente apoiada ao solo a alta velocidade, dando um excelente contributo em termos aerodinâmicos. Também melhorava consideravelmente o fluxo de ar contribuindo para melhorar a refrigeração através das entradas de ar do motor.

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Curiosamente em 1974 a Porsche produziu e construiu um Porsche ainda mais radical que o 2.7 RS, o ainda mais exclusivo Carrera RSR 3.0. Este automóvel foi construído tendo em conta a homologação do 2.7 e era uma evolução natural do modelo 2.7 RS. A sua exclusividade e raridade são bem evidentes uma vez que apenas 109 foram produzidos. O 3.0 RSR tinha mais 20 cavalos de potência em relação ao RS, mas pesava mais 180 kg, porque a carroçaria era em aço convencional. Como já referimos os primeiros RS tinham esgotado o aço mais leve, por isso é que aço normal teve de ser usado.

Mais pesado, usando uma “asa” traseira maior, com outra alcunha “whale-tail”, e um spoiler dianteiro mais volumoso com uma grande entrada de ar rectangular foi também adicionado à carroçaria. As rodas também era maiores do que no 2.7 com que fez também que acrescentasse mais peso extra ao carro em si.

Este peso adicional explica por que razão o 3.0 RSR não era muito mais rápido, do que o 2.7 RS, porém por causa dos pneus mais largos que usava, tinha melhor comportamento dinâmico que o 2.7.De todos os 109 RSR 3.0 que foram produzidos, 60 eram versões de estrada com a sigla RS.

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Mas nem todos os modelos eram tão radicais como o RSR, alguns dos modelos eram mais civilizados e ficaram disponíveis em 1974. Assim estavam disponíveis o 911 “normal”, o 911S e o 911 Carrera.

Com o novo modelo Carrera, o “S” tornou-se no modelo médio e equivalente ao ”E” em termos de equipamento e performance. O Carrera tinha o novo look negro, com um novo padrão. Os pilares das janelas, os braços dos limpa-para brisas, os puxadores das portas e no modelo Targa o arco, eram todos pintados em cor preta. Já os anéis em redor dos faróis foram pintados na cor da carroçaria. O look cromado também estava disponível mas apenas como uma opção. Mais tarde em 1977, todos os modelos Targa tinham o tal Black Look de origem, enquanto, que antes apenas o modelo Carrera Targa tinha essa característica.

Em 1974 o 911 foi dotado de uns bancos novos com encostos de cabeça integrados, e um farolim traseiro com a largura do carro com o nome Porsche gravado. Em 1975, a série H do Carrera ganhou um novo spoiler dianteiro e um (opcional) aileron traseiro diferente de maiores dimensões (IROC-style).

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O 911 S ficou visualmente inalterado, mas a base do 911 desapareceu. No mesmo ano, uma série especial chamada Silver Anniversary estava também disponível para compra com o modelo S, e como o nome indica era uma versão especial de aniversário.

Basicamente esta versão comemorativa do modelo, tinha uma cor cinza prata metalizada (Diamond) o interior com dois tons (cinza e preto), e uma placa com o número de série e com a assinatura de Ferry Porsche. Apenas 1.500 foram construídos.

Em 1976 surgiu outra edição limitada do 911, o “Signatur 911 S”. Foi vendido com um interior preto e bege, possuía o volante de três braços do Carrera, e uma carroçaria pintada com uma cor cinza plantina e as jantes na mesma cor.

Em 1975, o modelo Turbo foi lançado e introduzido na gama. Este carro tinha um novo motor de 3,0 litros com um turbocompressor. Um ano mais tarde em 1976 o Carrera 3.0 foi equipado com o mesmo motor, mas sem o turbo, com uma potência na ordem dos 200 cavalos. Além do motor mais potente o 3.0 Carrera também tinha alargamentos como a versão Turbo. O ano de 1977 viu o último 911 a utilizar um motor 2.7.

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De facto esta geração do 911 é das que mais têm valorizado no mercado de clássicos. E é fácil perceber porquê, a beleza das linhas, que ainda hoje são reconhecidas, pois os traços gerais do 911 actual ainda remontam a este modelo, assim como as excelentes performances dos seus motores, que aliados ao baixo peso do conjuntos, em especial nos modelos mais radicais como o 2.7RS faziam uma combinação vencedora em todos os aspectos, fossem eles comerciais ou desportivos. Grande carisma e história envolto de um modelo que traduz da melhor maneira a filosofia da marca alemã. A Porsche continuou a desenvolver os seus modelos, nunca esquecendo o passado, em especial a década 70 onde o 911 2.7 viveu e reinou.

Sérgio Gonçalves

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