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Lancia 037

Em 1981, a Lancia começou a desenhar o 037 em conformidade com os regulamentos da FIA, que permitiam que os carros competissem, se construíssem um determinado número de automóveis para a estrada de forma a permitir a homologação.

Como o projecto foi o número 037, este acabaria por se tornar o nome pelo qual o carro foi conhecido. A Abarth, agora uma parte da família Lancia-Fiat, fez a maior parte do trabalho do design, mesmo incorporando pormenores estilísticos de alguns de seus carros de corrida mais famosos dos anos 50 e 60, como por ex. duas “bolhas” em linha no tejadilho. Antes da sua primeira participação na temporada em 1982 no Campeonato Mundial de Rali, 200 modelos à civil foram construídos para cumprir com os regulamentos do Grupo B.

O 037 fez a sua estreia na competição em 1982 no Rali Costa Smeralda em Itália, onde dois carros foram inscritos, mas ambos desistiram devido a problemas de caixa de velocidades.

A temporada de 1982 foi muito negativa, com várias desistências para o 037. Mas o novo carro conseguiu atingir diversas vitórias, incluindo o seu primeiro grande sucesso no rali do Reino Unido.

A temporada de 1983 sem dúvida muito mais bem-sucedida para o 037. Nesse ano a Lancia conseguiu conquistar o título no Campeonato do Mundo de Construtores. Esse feito foi alcançado através do piloto alemão Walter Röhrl e do finlandês, Markku Alen. Não esquecendo porém a séria concorrência nesse ano do Audi Quattro com tracção às 4 rodas. Ambos os pilotos, no entanto, perderam o último rali desse ano, apesar do piloto Walter Röhrl ter tido hipóteses matemáticas para ganhar o título de pilotos. Mas isso não sucedeu e a vitória no campeonato sorriu ao veterano piloto da Audi, o finlandês Hannu Mikkola.

Para defender o título de construtores ganho em 1984, a Lancia introduziu uma evolução (Evolution 2) do 037 com o motor a ganhar vários melhoramentos e mais potência. Porém tudo isso não foi suficiente para conter a onda ganhadora dos seus adversários que possuíam uma grande vantagem, a já referida tracção às 4 rodas, perdendo para o Audi Quattro em ambos os campeonatos de 1984, e de novo para o Peugeot 205 T16 em 1985.

A última vitória do 037 aconteceu no Tour de Corse em 1984 pelas mãos de Markku Allen, e foi também um triunfo exclusivo e único para o modelo E2 (evolução 2), antes de ser finalmente retirado do activo pela Lancia Martini. Esta reforma foi programada, tendo em vista o seu sucessor, o ainda mais radical e singular Lancia Delta S4 (este com tracção ás rodas), para terminar o último rali da temporada, na Grã-Bretanha. Um trágico acidente marcou a carreira do Lancia 037, quando o piloto Attilio Bettega morreu num acidente em 1985.

O Lancia 037 tinha uma silhueta de automóvel de competição, o 037 foi vagamente baseado no Lancia Montecarlo, ambos compartilhavam apenas a secção central com todos os painéis da carroçaria e peças mecânicas que são significativamente diferentes. Muitas partes do chassi são de aço, seja na traseira como na frente do automóvel, enquanto a maioria dos painéis da carroçaria foram feitos de Kevlar.

O esquema de motor central do Montecarlo foi mantido, mas o motor foi rodado em 90 graus a partir de uma posição transversal para uma posição longitudinal. Isto permitiu uma maior liberdade na concepção da suspensão e permitindo o deslocamento do peso do motor para a frente.

Uma suspensão independente dianteira de duplo braço triangular, foi usada na parte dianteira e traseira, com amortecedores duplos na traseira, a fim de lidar com as tensões geradas a alta velocidade numa condução em pisos de terra.

O 037 era de facto notável, a forma como conseguiu alcançar o sucesso com a configuração de tração traseira, que era quase universal para carros de rali do período pré Grupo B. Quase todos os automóveis de rali de sucesso utilizavam tração nas quatro rodas, tornando o 037 o último da sua espécie.

Ao contrário do seu antecessor o Lancia Stratos, que era motorizado por um V6, o primeiro 037 teve um 2.0 litros de 4 cilindros sobrealimentado. Com base num motor com curso longo e dupla árvore de cames, que equipava no passado outros carros de rali como os saudosos Fiat Abarth 131. A cabeça de quatro válvulas foi retirada do Abarth 131, mas os dois carburadores originais foram substituídos por um grande e único carburador Weber e mais tarde com injecção de combustível.

A Lancia também escolheu um compressor em vez de um turbocompressor, para eliminar a resposta lenta de um turbo (lag) e também para melhorar a resposta do acelerador. Inicialmente a potência ficava-se pelos 265 cavalos, mas com a introdução do modelo Evolution 1 a potência subiu para os 300 cavalos, com a ajuda de injecção de água. A versão final Evolution 2, produzia ainda mais potência, cerca de 325 cavalos graças a um aumento da cilindrada para 2.111 cm3.

Stradalle

Para aprovação no grupo B, foi necessária a construção de pelo menos 200 versões de estrada do modelo em questão. A versão “civil” com o nome de Stradalle, tinha um motor Abarth de 4 cilindros em linha e 16 válvulas, com 2 Litros de capacidade. Possuía um compressor volumétrico, que lhe permitia obter 205 cavalos de potência máxima. Capaz de impulsionar o 037 para mais de 220 km/h, e conseguindo fazer o tradicional arranque de 0 a 100 km/h em menos de sete segundos.

Mesmo não sendo tão capaz como os seus adversários com tracção às rodas, o 037 conseguiu ainda assim um título de construtores e algumas vitórias importantes. Dando seguimento ao enorme sucesso que o Lancia Stratos já tinha conseguido para a marca. O seu papel foi determinante para o futuro da Lancia nos Ralis, era um automóvel deveras carismático.

Sérgio Gonçalves

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